Muito Além Do Jardim

título original: Being There
gênero: Drama, Comédia
duração: 02h 10 min
ano de lançamento: 1979
estúdio: BSB
direção: Hal Ashby
roteiro: Jerzy Kosinski, Robert C. Jones
fotografia: Caleb Deschanel
direção de arte: Michael D. Haller


Chance é um homem ingênuo e sem estudo que passou toda sua vida cuidando do jardim e vendo TV. Quando seu patrão morre e ele é obrigado, pela primeira vez, a sair da casa, acaba sendo atropelado pelo carro de um magnata. Ironicamente, tudo que ele diz passa a ser considerado genial.

Muito Além Do Jardim foi um presente que o "1001 filmes para ver antes de morrer" me trouxe.

Primeiro por seu roteiro. O que poderia parecer simples e modesto acaba ganhando grandes proporções com suas críticas ácidas e ao mesmo tempo um tanto veladas.

 
Posso dizer que se trata de uma dramédia dos absurdos. Assistimos o tempo todo com o pensamento de "como as pessoas podem achar geniais as coisas que Chance fala?!", até nos depararmos com a personagem de Ruth Attaway, Louise, dizendo que só basta ser branco para que qualquer besteira falada seja levada a sério como algo incrível.

O roteiro nos guia para um final ainda mais absurdo, mas que, lá em 1979, parecia prever o cenário de boa parte dos países em 2020 - com seus governantes absurdos.

O segundo ponto que destaco é a atuação magistral de Peter Sellers. Contido, passivo, cauteloso e o tempo todo parecendo anestesiado pela TV, que o afasta da realidade, Sellers entrega tudo que era necessário para construir um protagonista tão marcante.

Aqui temos mais um ponto trabalhado há mais de 40 anos atrás e que é muito coerente com os dias de hoje: como as mídias nos afastam do convívio social, nos fazem perder o jeito de viver em sociedade e também não entender mais o que é a realidade.

Como vi um comentário no Filmow sobre Muito Além Do Jardim: Sair da caverna pode não ser tão emocionante quanto teorizou Platão.


CLASSIFICAÇÃO: ÓTIMO


Pôster e Ficha Técnica: IMDb