Oscar 2021 - Melhor Curta Metragem

A categoria de Melhor Curta Metragem vem ganhando cada vez mais destaque e pelo jeito não será diferente no Oscar 2021. Vejam abaixo os indicados desse ano:

Começo por Feeling Through. Com apenas 18 minutos, esse curta metragem consegue ser sensível e emocionante sem cair no piegas. Vemos, em uma madrugada em Nova York, um jovem carente se encontrar por acaso com um homem surdo-cego. 

O desafio da comunicação e a conexão através da empatia se tornam uma mensagem poderosa. Impressionante observar que Robert Tarango realmente é surdo-cego.

A fotografia e a trilha sonora nos guiam para um universo intimista, conforme a trama exige. Pode parecer simples, mas quando você menos imagina esse curta pode te tocar no fundo do coração.

Passamos então para The Letter Room, que talvez seja o com mais alcance dos indicados por ter Oscar Isaac no elenco. Nesta história acompanhamos um agente penitenciário que, após ser promovido para a sala de correspondências, passa a se envolver com a vida dos prisioneiros. 

O mais interessante é a humanização do carcereiro e dos prisioneiros. E ainda que esses últimos sejam os mais isolados, também sentimos a solidão do personagem principal em suas atitudes.

A direção escolheu um registro mais voltado ao documental, com câmera na mão, e acredito que isso ajude a desenvolver o enredo de uma forma mais realista. Confesso que fiquei tão curiosa quanto o protagonista em ler essas cartas.

The Present é o representante palestino nesta categoria. No dia do aniversário de casamento, Yusef sai com a filha para comprar um presente. No meio a estradas segregadas e soldados tudo ficará mais difícil.

Pleno século XXI e ainda convivemos com apartheids e guetos. O que poderia ser simples se torna uma travessia para um pai palestino. 

Conseguiram trazer uma crítica latente dentro de uma situação rotineira. Ainda que forte concorrente acredito que suas chances são baixas, principalmente pela academia ser formada em sua maioria por apoiadores de Israel.

White-Eye constrói, em 20 minutos de plano sequência, a história de um homem que encontra sua bicicleta roubada em posse de um estranho e tenta recuperá-la.

Confesso que o final ficou um tanto metafórico demais, e sem clareza, para mim. Ainda assim o roteiro, além de trabalhar a questão do imigrante ilegal a partir de uma ótica diferente, ainda nos faz refletir sobre os valores das coisas e das pessoas.

A temática é interessante e a direção bem trabalhada, sabendo conduzir o suspense de forma fluida. Seu final enigmático acabou sendo um balde de água fria para mim.

Por fim, Two Distant Strangers. Após passar a noite na casa de uma moça, Carter tenta voltar para casa; porém o encontro recorrente com o policial Merk o impede de rever seu cachorro.

Poderia ser "apenas" uma crítica ao racismo estrutural nos EUA, a como os negros vem sendo exterminados pelo Estado. Mas esse curta vai muito mais além. Ele consegue transformar o lugar já batido do Dia Da Marmota em uma ferramenta para exemplificar como a situação é recorrente e não há o que se faça de diferente, o final será sempre o mesmo.

Trinta minutos que te levam ao fundo do poço, te dão uma leve esperança e te empurram de volta para o buraco. Tudo regado a um clima de sarcasmo. Ah! E prestem bem atenção aos telhados dos prédios.