Oscar 2021 - Melhor Documentário de Curta-Metragem

A temporada de corrida para assistir tudo do Oscar 2021 começou! E esse ano decidi começar pelos curtas, afinal, dá para matar uma categoria por dia e acho eles mais fáceis de encontrar. Inclusive, esse ano está mais fácil que a média, pois muitos dos filmes estão em plataformas de streamings e canais oficiais da mídia.

Neste primeiro post falarei dos indicados a Melhor Documentário Curta-Metragem:

O primeiro que vi foi Uma Canção Para Latasha, que está disponível na Netflix. Neste curta vemos um tributo à vida de Latasha Harlins, jovem de 15 anos morta em 1993 por uma comerciante que acreditava estar sendo roubada.

Poderia ser mais um documentário sobre o racismo e violência contra a população negra nos EUA, isso fica claro como pano de fundo. Mas o que temos aqui é uma bela homenagem a uma jovem que aspirava por uma vida melhor e teve seus sonhos ceifados.

O que temos aqui é uma execução que interage muito com imagens etéreas, trazendo a ideia de uma comunicação entre os que homenageiam e a homenageada. Uma Canção Para Latasha é curto, bonito e emotivo.

O segundo que assisti foi A Concerto Is A Conversation. Neste curta acompanhamos Kris Bowers, compositor da trilha de "Green Book", visitar a trajetória de sua família através do relato de seu avô. Aqui, assim como o anterior, temos um relato emocional de um caso isolado que retrata a história de uma população.

O que estranhei foi a direção, que me parece mais voltada a construir algo ficcional do que documental. Ainda que muito agradável de ver, os diálogos entre avô e neto feitos olhando diretamente para a câmera, não parecem tão sinceros como seriam se olhassem um para o outro.

Para quem quiser assistir, está disponível no canal do Youtube do The New York Times.

Então chegamos a Colette -The french resistance fighter confronting facism. Mais uma parte da história mundial sendo contada a partir de um relato pessoal.

Neste curta acompanhamos Colette, uma mulher que participou da resistência francesa contra os nazistas, indo visitar pela primeira vez o campo de concentração onde seu irmão morreu. É muito dolorido ver como ainda se faz necessário esses relatos nos dias atuais, onde parece que esses horrores estão caindo no esquecimento ou sendo negados.

O formato de filmagem também traz um ar um tanto ficcional às interações humanas retratadas, porém todo o resto segue bem o formato documental tradicional. Disponível no canal do Youtube do The Guardian.

Do Not Split, ao contrário dos anteriores, nos mostra um recorte de parte de nossa história super recente. Nele acompanhamos os protestos que se deram em Hong Kong no final de 2019 por conta de um projeto de lei que permitiria a extradição de suspeitos de crime para a China continental.

Ainda que seja sobre os protestos em Hong Kong, esse documentário retrata bastante as rachaduras políticas e as disparidades entre posicionamentos dentro da sociedade, que levam a conflitos cada vez mais extremos.

Assim como a pandemia parou a vida ao redor do mundo, também interrompeu o registro dessas manifestações e seu final deixa uma sensação de que ainda veremos mais sobre o assunto num futuro próximo.

Disponível no canal da própria produtora no Vimeo.

Por fim, Hunger Ward. Filmado dentro dos dois principais centros de alimentação terapêutica do Iêmen, este documentário de curta-metragem  registra o dia a dia das profissionais de saúde que cuidam de crianças subnutridas e tentam salvá-las da morte.

Esse curta escolheu retratar as consequências da guerra, já esquecida do país, através de uma das suas consequência: a subnutrição infantil - resultado das sanções impostas ao país pela Arábia Saudita, que vem impedindo que comida e medicamentos entrem no Iêmen, com apoio de países de primeiro mundo, como os EUA.

Crítica contundente a uma guerra, ainda que não traga uma solução, expõe algo que, como o próprio Hunger Ward diz: não podemos nos acostumar a ver.