O Pagador de Promessas

título original: O Pagador de Promessas
gênero: Drama
duração: 1h 38 min
ano de lançamento: 1962
estúdio: Cinedistri
direção: Anselmo Duarte
roteiro: Anselmo Duarte, Dias Gomes
fotografia: H.E. Fowle


Zé do Burro vai andando, acompanhado de sua mulher, de seu sítio a Salvador carregando uma cruz para pagar uma promessa feita após seu burro quase morrer atingido por um raio. A cruz deve ser entregue em uma igreja de Santa Bárbara, mas ele enfrenta resistência do padre após descobrir que a promessa foi feita em um terreiro de candomblé.

O Pagador de Promessas toca em tantos pontos importantes que seria uma heresia estar fora dos "1001 filmes para ver antes de morrer".

Antes de tudo, é muito importante entender o contexto religioso em que o filme se insere - ainda que representando o sincretismo religioso que vivemos no Brasil de forma geral, ao se passar em Salvador tem como palco o local onde a união da fé católica e africana acontece de forma mais harmônica.

Temos no personagem de Zé do Burro, magistralmente interpretado por Leonardo Villar, a representação da fé incondicional, da simplicidade e da ingenuidade.

A partir deste ponto central vemos como o ambiente se comporta. A arrogância e intolerância da Igreja, o sensacionalismo da mídia, a austeridade da polícia, a corrupção do ser humano.

Sim, como todo filme nacional antigo o som é ruim e até mesmo um pouco difícil de compreender algumas falas; mas isso é um ponto tão mínimo perto da grandeza desse roteiro que nem o considerei um problema.

Além disso, as cenas que mostram nossos rituais religiosos e culturais são fortes e bem trabalhados.

Com certeza, se tivesse sido lançado alguns anos depois teria sido censurado e não ganharíamos a única Palma de Ouro que o Brasil já recebeu.

Por fim, a cena final de O Pagador de Promessas não poderia ser mais impactante! Sem dúvidas, um dos melhores filmes nacionais que já vi.


CLASSIFICAÇÃO: MARAVILHOSO


Pôster e Ficha Técnica: IMDb