Chocolate

poster filme chocolate
título original: Chocolat
gênero: Drama, Biografia
duração: 1h 59 min
ano de lançamento: 2016
estúdio: Mandarin Films
direção: Roschdy Zem
roteiro: Cyril Gely, Olivier Gorce, Gérard Noiriel, Roschdy Zem
fotografia: Thomas Letellier
direção de arte: Jérémy Duchier


Rafael Padilla nasceu em Cuba e fugiu, ainda pequeno, para a Europa. Muitos anos depois, vivendo com uma trupe circense ele é descoberto pelo palhaço Footit que oferece uma oportunidade de parceria. Com isso ele se torna o primeiro palhaço negro da França, um grande sucesso no início do século XX.

Chocolate poderia ser considerado apenas um filme biográfico de um artista quase desconhecido pela maioria das pessoas de hoje em dia, mas vai muito além disso.

Eu mesma não conhecia Rafael Padilla nem seu personagem Chocolate antes de ler a sinopse desse filme. Sua história de vida é dolorida e triste, como se espera de qualquer negro recém saído da escravidão. Porém, o roteiro fala muito mais do que apenas de sua vida.

É através da experiência individual do protagonista que temos uma exemplificação de um ambiente mais macro: o racismo (gostaria de poder dizer que apenas no início do século XX, mas muita coisa que se vê aqui ainda persiste até hoje).

E o mais importante, o roteiro conseguiu escancarar, para mim, o que é a figura do "branco salvador". Lembro que na época em que "Greenbook" concorreu ao Oscar muitas figuras relevantes, como Spike Lee, criticaram o filme ter levado Melhor Filme por se tratar exatamente disso: um filme que coloca o negro como uma figura arrogante o branco, extremamente racista, como seu salvador.

Quando esse debate aconteceu eu pensava muito da seguinte forma:" ok, o cara é um babaca, mas o filme mostra ele mudando de postura e, de certa forma, ajudando o negro em situações complicadas num período de apartheid".

Bem, essa questão agora está clara. Footit, apesar de ter sido responsável por ajudar a construir a fama de Chocolate, se ancora no racismo e no rebaixamento do negro para isso. E, ainda que verdadeiramente amigos, é justificável que ele desconte no parceiro suas frustrações com como a sociedade o trata. O roteiro deixa brechas para vários tipos de debates e isso é muito enriquecedor.

Quanto ao elenco, Omar Sy já é conhecido por sua capacidade em fazer humor, mas aqui vemos bem mais que isso. A transformação da personalidade de seu personagem durante o filme é incrível, e [SPOILER/] sua atuação final como Otelo é de arrepiar [\SPOILER].

James Thierrée consegue, com Footit, ganhar nossa simpatia e antipatia ao mesmo tempo. É um personagem misterioso e claramente profundo, com diversas questões em conflito dentro de si.

Coloquei Chocolate em minha lista para ver sem pretensão alguma e foi uma ótima surpresa.


CLASSIFICAÇÃO: ÓTIMO


Pôster e Ficha Técnica: IMDb

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