O Poço

poster filme o poço
título original: El hoyo
gênero: Ficção Científica, Terror
duração: 1h 34 min
ano de lançamento: 2019
estúdio: Basque Films
direção: Galder Gaztelu-Urrutia
roteiro: David Desola, Pedro Rivero
fotografia: Jon D. Domínguez
direção de arte: Azegiñe Urigoitia


Em um sistema prisional vertical, conhecido como O Poço, a comida desce por uma plataforma, beneficiando mais os primeiros andares e deixando os últimos sem comida. Goreng entra de forma voluntária e, ao se deparar com a situação, decide fazer algo para mudá-la.

Em pleno isolamento social por conta da Covid-19 a Netflix me lança um filme desses. Pensa o borburinho que causou! Só pela sinopse, ao ver a questão dos "de cima" abusando da gula e os "de baixo" passando fome, já fica clara a conexão que a maioria vem fazendo com a questão das mais altas classes estarem estocando comida além do necessário enquanto nas favelas as pessoas mal tem sabão e água. Mas acredito que as questões que O Poço traz vão muito além disso.

Pequena pausa no meio para falar das questões técnicas: mesmo todo ambientado em um ambiente fechado, o diretor Galder Gaztelu-Urrutia soube usar e abusar das luzes, ângulos e fotografias para deixar o roteiro ainda mais instigante. Com cenas fortes, de mortes e corpos dilacerados, penso que talvez a classificação de 16 anos seja baixa. 

Ivan Massagué e Zorion Eguileor constroem um jogo de cena envolvente e a dicotomia entre seus personagens faz com que o enredo se enriqueça mais. É também um prazer rever Antonia San Juan depois de tanto tempo.

Voltemos então ao roteiro. Histórias distópicas costumam me agradar por, normalmente, trazerem muitas questões atuais ao tratarem de ambientes ficcionais e futuristas. Em O Poço isso acontece de forma completa, abrindo espaço para discussões de vários tipos. 

Podemos ver como uma ode ou uma crítica ao capitalismo, assim como também é possível ver como uma ode ou uma crítica ao comunismo. Podemos ver como uma análise comportamental dos realistas e dos utópicos, do que aceita as coisas como é e dança conforme a música e o que se revolta e decide agir ainda que se colocando em risco para nada. Há também a possibilidade de entender como a mudança de classe não fará com que as pessoas mudem o mundo, mas que mudem de comportamento e passem a agir como aqueles que repudiavam. Já diria Paulo Freire:"Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor." e essa fala conversa muito com a crítica feita a Goreng por levar um livro para O Poço, qual sua utilidade ali?

Enfim, posso ficar filosofando sobre o roteiro durante horas, mas para quem tiver interesse em ler mais análises sobre recomendo as postagens feitas por Leandro Karnal no Instagram: aqui, aqui, aqui e aqui.


CLASSIFICAÇÃO: MARAVILHOSO


Poster e Ficha Técnica: IMDb

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