gênero: Documentário
duração: 1h 50 min
ano de lançamento: 2019
estúdio: Higher Ground Productions
direção: Steven Bognar, Julia Reichert
fotografia: Steven Bognar, Aubrey Keith, Jeff Reichert, Julia Reichert, Erick Stoll
Uma fábrica em Ohio da GM, após fechar as portas e deixar parte da população desempregada, é ocupada por uma fábrica chinesa dando novas esperanças à região. Porém, os conflitos culturais podem trazer problemas ao novo sonho.
Indústria Americana é uma produção da Netflix que está concorrendo ao Oscar 2020 na categoria Melhor Documentário. Provavelmente será o ganhador esse ano por ter sido produzido pelo casal Obama.
Mas além disso, o filme levanta questões muito interessantes, não só pelas diferenças gritantes culturais entre China e EUA, mas também pelos pontos que levanta de toda a cadeia produtora mundial e dos conflitos entre modelos econômicos.
Vamos por partes.
A parte dos conflitos culturais mostrados acaba conversando diretamente com os conflitos de modelos econômicos. Apesar de ambos os países terem um sistema capitalista de produção, um é uma democracia e outro é uma ditadura. É interessantíssimo ver como pontos de comportamento laboral dos chineses mostrados, que são claramente reflexo de um sistema ditatorial, para os chefes da empresa são visto como comprometimento com o trabalho.
Os estadunidenses são vistos então como preguiçosos por não trabalharem aos finais de semana e terem apenas 8h de jornada diária. Também é errado ser sindicalizado e ter direito a salários menores, horas extras pagas, segurança no trabalho e tudo mais.
Para mim, esse recorte mostra bem o caminho que todo o mundo está percorrendo dentro do mercado de trabalho. Não só a automação de funções, fazendo com que muitas pessoas fiquem desempregadas, mas, com isso, a exploração cada vez maior dos funcionários, tirando seus direitos, pois muitos cederão para não ficar sem sustento.
Além destas questões de enredo, Indústria Americana trabalha muito bem a fotografia e a trilha sonora, fazendo com que a linha de produção em muitos momentos pareça uma coreografia.
Um documentário dolorido, mas realista e necessário.
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