título original: Era El Cielo
gênero: Drama, Suspense
duração: 1h 42 min
ano de lançamento: 2016
estúdio: Oriental Films
direção: Marco Dutra
roteiro: Sergio Bizzio, Caetano Gotardo, Lucía Puenzo
fotografia: Pedro Luque
direção de arte: Mariana Urriza
TEXTO PRODUZIDO PARA CENTRAL42
Essa coprodução entre Brasil e Uruguai, baseada no livro Era El Cielo de Sergio Bizzio, conta a história do casal Diana e Mario. Após um tempo separados ele volta para casa e na primeira semana testemunha sua mulher sendo estuprada. Humilhado, Mario não toma nenhuma atitude. Sem saber que o marido viu, Diana guarda o acontecimento em segredo.
Fui para a cabine sabendo apenas a sinopse, e bem por cima. Me espantei quando os diálogos começaram em espanhol e vi que a história se passava em Montevidéu. Segundo o produtor Rodrigo Teixeira a princípio a história se passaria no Brasil e Mario seria o cônjuge estrangeiro, porém por questões de produção tiveram de inverter a trama.
Nada que prejudique o filme, inclusive é interessante poder ver Carolina Dieckmann trabalhando em outra língua. Durante coletiva ela falou sobre esse desafio:
Ela e Leonardo Sbaraglia vivenciaram juntos um grande desafio, pois tiveram que construir um casal em crise não com base em diálogos fortes, mas exatamente no contrário, no silêncio. O ator ainda disse que atuar como Mario, que muda muito de personalidade durante o desenvolvimento do filme, exigiu que se justificasse momento a momento suas atitudes; por se tratar de um homem cheio de fobias houve a necessidade de que Mario criasse uma ficção para aceitar a verdade e conseguir agir. Segundo Leonardo, o personagem realmente acredita que seu processo é um tipo de tratamento.
Ainda sobre o silêncio, que considero o personagem principal do filme, podemos ver durante todo o desenvolvimento do filme ele sendo construído através da quase ausência de trilha sonora e de um trabalho incrível de produção de som. A história é conduzida pelos sons dos ambientes, da casa e principalmente dos carros, como o diretor Marco Dutra disse: “o carro de cada personagem tinha que ter a sua personalidade, a equipe de som gravou cada um.” Ainda contou como adora participar da mixagem de som e escolher de onde o espectador vai ouvir o barulho vindo, e como isso é importante para a condução da história.
Durante coletiva o diretor também comentou sobre os signos existentes no filme; a simbologia é algo muito importante para Marco Dutra e ele tem consciência que nem sempre isso vem para a primeira camada da audiência. Porém, acredito que aqui temos um trabalho não tanto subentendido, como os cactos, fazendo analogia a um símbolo fálico cheio de espinhos, ou a pedra esquecida na mesa da sala, simbolizando a falta de diálogo entre o casal, o silêncio que incomoda e se mostra presente.
A fotografia e a paleta de cores trazem o pouco que faltava para que esse fosse um suspense completo. O que, a princípio, pode parecer um drama intelectualizado aos poucos vai se revelando um thriller angustiante e muito capaz de prender a atenção do espectador durante toda a duração. Recomendo muito que seja assistido no cinema, como já dito o trabalho de som é incrível e faz toda a diferença ouvi-lo distribuído pela sala, mas para quem perder a oportunidade não se preocupe, segundo o produtor Rodrigo Teixeira o filme foi vendido para a Netflix e no futuro estará por lá. Mais um filme para a lista de orgulhinhos da nova leva do cinema nacional.
CLASSIFICAÇÃO: ÓTIMO
Poster e Ficha Técnica: IMDb
gênero: Drama, Suspense
duração: 1h 42 min
ano de lançamento: 2016
estúdio: Oriental Films
direção: Marco Dutra
roteiro: Sergio Bizzio, Caetano Gotardo, Lucía Puenzo
fotografia: Pedro Luque
direção de arte: Mariana Urriza
TEXTO PRODUZIDO PARA CENTRAL42
Essa coprodução entre Brasil e Uruguai, baseada no livro Era El Cielo de Sergio Bizzio, conta a história do casal Diana e Mario. Após um tempo separados ele volta para casa e na primeira semana testemunha sua mulher sendo estuprada. Humilhado, Mario não toma nenhuma atitude. Sem saber que o marido viu, Diana guarda o acontecimento em segredo.
Fui para a cabine sabendo apenas a sinopse, e bem por cima. Me espantei quando os diálogos começaram em espanhol e vi que a história se passava em Montevidéu. Segundo o produtor Rodrigo Teixeira a princípio a história se passaria no Brasil e Mario seria o cônjuge estrangeiro, porém por questões de produção tiveram de inverter a trama.
Nada que prejudique o filme, inclusive é interessante poder ver Carolina Dieckmann trabalhando em outra língua. Durante coletiva ela falou sobre esse desafio:
“sou uma atriz muito natural e você ficar natural numa língua que não conhece me exigiu um trabalho de mesa muito duro, eu tive que dissecar o texto e encontrar uma margem que me fizesse chegar lá, não ficar perdida, não me sentir amedrontada. Uma outra coisa também, quando você fala em uma outra língua, principalmente espanhol que é muito cantado, você usa uma afetação para ter mais segurança no que está fazendo, e a Diana não me permitia fazer isso. É uma personagem totalmente introspectiva, então não me permitia ter esse acento e foi um trabalho muito minucioso para que eu não ficasse na mão disso na hora de filmar.”
Ela e Leonardo Sbaraglia vivenciaram juntos um grande desafio, pois tiveram que construir um casal em crise não com base em diálogos fortes, mas exatamente no contrário, no silêncio. O ator ainda disse que atuar como Mario, que muda muito de personalidade durante o desenvolvimento do filme, exigiu que se justificasse momento a momento suas atitudes; por se tratar de um homem cheio de fobias houve a necessidade de que Mario criasse uma ficção para aceitar a verdade e conseguir agir. Segundo Leonardo, o personagem realmente acredita que seu processo é um tipo de tratamento.
Ainda sobre o silêncio, que considero o personagem principal do filme, podemos ver durante todo o desenvolvimento do filme ele sendo construído através da quase ausência de trilha sonora e de um trabalho incrível de produção de som. A história é conduzida pelos sons dos ambientes, da casa e principalmente dos carros, como o diretor Marco Dutra disse: “o carro de cada personagem tinha que ter a sua personalidade, a equipe de som gravou cada um.” Ainda contou como adora participar da mixagem de som e escolher de onde o espectador vai ouvir o barulho vindo, e como isso é importante para a condução da história.
Durante coletiva o diretor também comentou sobre os signos existentes no filme; a simbologia é algo muito importante para Marco Dutra e ele tem consciência que nem sempre isso vem para a primeira camada da audiência. Porém, acredito que aqui temos um trabalho não tanto subentendido, como os cactos, fazendo analogia a um símbolo fálico cheio de espinhos, ou a pedra esquecida na mesa da sala, simbolizando a falta de diálogo entre o casal, o silêncio que incomoda e se mostra presente.
A fotografia e a paleta de cores trazem o pouco que faltava para que esse fosse um suspense completo. O que, a princípio, pode parecer um drama intelectualizado aos poucos vai se revelando um thriller angustiante e muito capaz de prender a atenção do espectador durante toda a duração. Recomendo muito que seja assistido no cinema, como já dito o trabalho de som é incrível e faz toda a diferença ouvi-lo distribuído pela sala, mas para quem perder a oportunidade não se preocupe, segundo o produtor Rodrigo Teixeira o filme foi vendido para a Netflix e no futuro estará por lá. Mais um filme para a lista de orgulhinhos da nova leva do cinema nacional.
CLASSIFICAÇÃO: ÓTIMO
Poster e Ficha Técnica: IMDb
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